Como o uso de IA por terapeutas pode ajudar na saúde mental?

Alguns terapeutas estão utilizando a Inteligência Artificial (IA) para melhorar os resultados de suas sessões. A Ieso, clínica de saúde mental sediada no Reino Unido, através do uso do Processamento de Linguagem Natural, identifica partes de uma conversa entre paciente e terapeuta, os tipos de expressões e devolutivas de respostas que parecem ser mais eficazes para o tratamento de diferentes distúrbios. Andrew Blackwell, diretor científico da Ieso, juntamente com seu time são pioneiros na abordagem de saúde mental onde a linguagem utilizada nas sessões de terapia são analisadas por uma IA, para entregar as palavras certas na hora certa.

Através do uso de aprendizado de máquina (machine learning) é possível analisar rapidamente uma enorme quantidade de linguagem, ou seja, os pesquisadores têm acesso a linguagem que os terapeutas usam e com isso podem alcançar melhores resultados nas sessões.

Outros tipos de ferramentas de IA para uso terapêutico

Em desenvolvimento também encontram-se os Chatbots “Assistentes Terapêuticos”, dentre eles destaca-se o chatbot “Woebot”. Desenvolvido pela Universidade de Stanford, tem a missão de “tornar a saúde mental radicalmente acessível” e oferece terapia virtual com uso de Inteligência Artificial.

O aplicativo utiliza a terapia cognitivo-comportamental (TCC), onde os usuários são estimulados a contar sobre suas emoções e reações aos eventos cotidianos e através delas identificar os gatilhos psicológicos que originam estresse, depressão e ansiedade. Michael Evers, CEO da Woebot Health Inc. ressaltou: “...estamos construindo instrumentos clínicos e terapêuticas digitais que automatizam o conteúdo e o processo de terapia, se adaptam aos sintomas e à gravidade e fornecem a intervenção certa para a pessoa certa no momento certo. Eles estão na vanguarda de uma nova geração de intervenções que realmente tornarão a saúde mental radicalmente acessível a todos”.

Em 2020 a revista científica, Frontiers in Psychiatry, publicou um estudo referente ao uso de terapia cognitivo-comportamental via internet (ICBT), para obter uma taxa de resposta mais confiável, foi feito estudo através de meta-análise de dados de pacientes individuais, envolvendo 2.866 pessoas, que foram divididas em três categorias: transtornos de ansiedade, depressão e outros, onde no geral 65,6% de todos os pacientes receberam o tratamento ICBT. E observou-se resultados positivos, onde cerca de um terço obteve remissão, principalmente entre os “nativos digitais”, ou seja, pessoas que nasceram e cresceram com as tecnologias digitais presentes em sua vivência - a partir da Geração Z.

As ferramentas são baseadas em aplicações de IA através do uso de redes neurais e aprendizado de máquina. No mercado já existem diversos aplicativos que utilizam uma lógica semelhante, onde é transferido para modelos de Inteligência Artificial a estrutura da terapia cognitivo-comportamental. E a maioria desses aplicativos acabam funcionando como uma espécie de guia, um assistente que ajuda o usuário a identificar de onde surgem certas emoções e até sugerem algumas práticas como meditação e mindfulness.

Muitos especialistas acreditam que as ferramentas podem ajudar no tratamento psicológico, mas ainda estão longe de substituir um profissional capacitado. Podem funcionar como uma espécie de porta de entrada para a terapia e até mesmo como uma ferramenta de apoio ao tratamento.

E você, já sabia dessa possibilidade de aplicação de Inteligência Artificial? 

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